sábado, 20 de julho de 2024

Resenha: Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis

Capa livro Memorias Póstumas de Brás Cubas do escritor Machado de Assis

Título: Memórias póstumas de Brás Cubas
Autor: Machado de Assis
Gênero: Romance
Ano de publicação: 1881
Ano da edição: 2022
Editora: Culturama
Páginas: 277
País: Brasil

Memórias póstumas de Brás Cubas foi publicado em livro por Machado de Assis em 1881, mas foi desenvolvido ao longo de março a dezembro de 1880, em forma de folhetim, na Revista Brasileira. Foi a obra inaugural do realismo na literatura brasileira.

A história é narrada em primeira pessoa por Brás Cubas, que se autointitula como um "defunto autor" e não um "autor defunto", pois já está morto no momento em que conta sua história. 

Começando do dia de sua morte, ocorrida em 1869, ele decide narrar suas memórias. Após contar como foi o seu último dia e o que o levou a adoecer, ele retorna ao dia de seu nascimento, em 1805, e vai contando toda sua vida, com todos que passaram por ela, suas experiências, seus amigos e seus amores. Apresenta tudo de uma forma muito sincera.

Sua vida se passou toda durante o século XIX, época em que ainda havia escravidão no Brasil. Por serem ricos, a família de Brás de Cubas tinha escravos, e em sua infância, o garoto costumava maltratá-los.

Por viver na alta sociedade do Rio de Janeiro, relata de forma crítica sua visão sobre essa sociedade que, em muitos casos, vivia de aparências. O próprio Brás Cubas deixou um amor para trás por não conseguir aceitar o fato de a moça ser coxa. Pois, nessa época, havia muitos preconceitos que ocorriam de forma aberta.

Uma das ambições que teve em sua vida foi ser ministro de estado. Chegou a ser deputado e a política dessa época da qual fez parte era semelhante a de hoje, cheia de sujeira e corrupção.

Uma das pessoas que passou pela vida de Brás Cubas, foi seu amigo de infância, Quincas Borba, o mesmo do livro "Quincas Borba" de Machado de Assis, obra na qual o Brás Cubas também aparece.

Os amigos se reencontram após adultos. Quincas Borba, com sua filosofia "Humanitismo", se torna uma presença constante e importante na vida do narrador durante uma boa parte de sua vida.


Impressões de leitura

Assim como todos os livros do Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas é um livro muito bem escrito. Cada palavra foi escolhida com cuidado. O autor tem um estilo próprio de escrever. Há inúmeras referências a outras obras da literatura, à mitologia e à religião. 

A todo momento o narrador conversa conosco, leitores, e às vezes até adivinha o que estamos pensando no momento da leitura.

Os capítulos são curtos, alguns têm menos de uma página. Não dá vontade de parar de ler. A sua leitura traz aquela clássica situação de leitura: "Só mais um capítulo".

Conforme o tom da história muda de um momento mais dramático para um momento mais bem-humorado, a narração também muda, tendo em vista que o narrador é o personagem da história e sentiu tudo o que está narrando.

“Tu tens pressa de envelhecer e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como ébrios: guinam à direita, à esquerda, andam e param, resmungam, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...” (p.150)

Em meio à narração das memórias de Brás Cubas, o autor nos apresenta um retrato da sociedade brasileira da época que não é tão diferente da de hoje. Ainda há muitos preconceitos de raça, sexo, classe, deficiências, entre outros. A diferença é que hoje ocorre de forma mais velada. As relações e interesses políticos também permanecem os mesmos até hoje.

Apesar de ter tido uma vida privilegiada financeiramente, Brás Cubas também viu outro lado da vida de pessoas mais simples e sem recursos financeiros. A obra mostra que o dinheiro não é suficiente para a felicidade ou para uma satisfação pessoal com a vida. Porém, a falta dele dificulta a vida em vários aspectos, principalmente naquela época em pessoas viviam de aparência e havia tantas formas preconceitos expressas abertamente.

Algumas pessoas têm medo de ler as obras de Machado de Assis, pois consideram difícil de entender. Mas não é tanto. Uma dica que pode ajudar a entendê-las melhor é ler em edições que possuem notas explicativas. Na edição que eu li, da editora Culturama, há notas de rodapé com o significado de diversas palavras e expressões que podem ser desconhecidas do leitor. Outras edições que também apresentam procedimento semelhante com as obras do autor são as da Penguin-Companhia e da Panda Books.

Memórias póstumas de Brás Cubas, junto com "Quincas Borba" e "Dom Casmurro", são obras essenciais de Machado de Assis e da literatura brasileira que merecem ser lidas e conhecidas.


Dica de filme

Há um filme de 2001, baseado nessa obra com mesmo título do livro Memórias póstumas de Brás Cubas. Foi dirigido por André Klotzel e teve roteiro de André Klotzel e José Roberto Torero. Brás Cubas é interpretado por Petrônio Gontijo em sua juventude e Reginaldo Faria em idade mais madura. Atualmente tem disponível para assistir no Amazon Prime Video.

Título: Memorias póstumas de Brás Cubas
Direção: André Klotze
Roteiro: André Klotzel e José Roberto Torero
Gênero: Comédia, Drama
Origem: Brasil
Ano: 2001
Duração: 1h e 41 min


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