Anatemas: Maldições medievais contra o roubo de livros

Na idade média, os manuscritos eram considerados preciosos. Escrever um livro era bem trabalhoso. Todo o trabalho tinha que ser feito à mão. Para isso, havia os escribas e os monges copistas, eles passavam horas de seus dias escrevendo e ilustrando livros. 

Devido a isso, os livros eram  itens caros e poucos podiam comprá-los, portanto havia uma grande preocupação em como protegê-los de roubos ou outros tipos de vandalismos. 

Livros antigos

Proteção para os livros

Para protegê-los, as bibliotecas tinham o costume de trancá-los ou de acorrentá-los nas estantes. O livro poderia ser lido, mas não retirado da biblioteca. Essa prática foi comum até o século XVIII, quando houve a popularização dos livros.

Outra estratégia comum, na Idade Média, para proteção das obras, eram o uso de maldições contra quem roubasse ou danificasse uma obra. Eram maldições bem pesadas contra a pessoa e sua alma, ameaçando com castigos ou excomunhão. Geralmente apareciam na primeira ou na ultima página das obras. Essas maldições são conhecidas como anatemas. Quando representam uma marca do proprietário do livro também podem ser chamadas de ex-libris.

Em seu livro, Anathema – Medieval Scribes and the History of Book Curses, publicado em 1983, Marc Drogin fez um estudo sobre essas maldições medievais. Segundo o autor, as pessoas da época realmente acreditavam nessas maldições e esse era o único meio que se tinha para proteger as obras.

Anatemas medievais

Alguns exemplos de maldições usadas em livros medievais:

"Para roubar este livro, se você tentar,

É pela garganta que você vai ficar pendurado.

E os corvos então se reunirão

Para encontrar seus olhos e arrancá-los.

"Não roube este livro meu amigo honesto 

Por medo de que a forca deva ser o seu fim

E quando você morrer o Senhor dirá 

Onde está o livro que você roubou?” 

"Para aquele que roubar, ou tomar emprestado esse volume, sem devolve-lo ao dono original: que este livro se transforme em uma serpente venenosa em suas mãos. Que seja atingido pela peste e seus membros inutilizados. Que seja abandonado por todos enquanto lamenta e chora, implorando ajuda que nunca vem. Que não haja pausa em seus tormentos, até que chegue a morte. E então que vermes o devorem por inteiro e que sua corrupção seja total. Que as chamas o consumam pela eternidade e que os demônios do inferno lhe deem atenção, atormentando seu corpo com todas as torturas existentes, para todo o sempre".

Alguns são bem assustadores né? O que você achou? Deixa nos comentários e até a próxima.

Leia também: 

⇒  História do livro: Os suportes da leitura e da escrita ao longo do tempo

⇒ 10 curiosidades sobre livros que talvez você não saiba

Fontes:

• ESCREVER E LER. Na Idade Média, os Livros eram Protegidos por Maldições!. 2017. Disponível em: https://escrevereler.com.br/livros-protegidos-maldicao/
• SEPAUSY, Victor de. Maldições de monges para proteger os livros, ao modo medieval. 2020. Disponível em: https://www.fe.unicamp.br/noticias/drops-bibliograficos-maldicoes-de-monges-para-proteger-os-livros-ao-modo-medieval/
• STUD HISTÓRIA. Os livros acorrentados e amaldiçoados da Idade Média. Disponível em: https://studhistoria.com.br/historia-das-coisas/livros-acorrentados-e-amaldicoados-da-idade-media/
• MUNDO TENTÁCULAR. Como proteger sua Biblioteca com Maldições Medievais. 2019. Disponível em: https://mundotentacular.blogspot.com/2019/05/como-proteger-sua-biblioteca-com.html