A literatura de cordel é uma forma de expressão popular característica do Nordeste brasileiro. É apresentada em forma de versos, utilizando uma linguagem popular e trata frequentemente de temáticas nordestinas. Sua divulgação ocorre por meio de folhetos.
Origem
Apesar de ser fortemente associada ao Nordeste, sua origem é bem mais antiga que o Brasil. Sua origem remonta à idade média, na Península Ibérica (Portugal), durante meados do século XII. Acredita-se que tenha surgido a partir da literatura oral, assim como o repente, a embolada e a poesia matuta.
Conforme apontado pelo folclorista Câmara Cascudo (1978), os folhetos começaram a circular em Portugal por volta do século XVII, sendo denominados de "folhas volantes" ou "folhas soltas". Inicialmente, esses folhetos eram dispostos pendurados em cordas, originando assim o termo "cordel".
Cordel no Brasil
Os folhetos de cordel foram introduzidos no Brasil pelos portugueses durante o processo de colonização das terras brasileiras. Como o Nordeste foi a primeira região colonizada, essa forma de literatura acabou se fixando na região.
Durante o período da colonização, a literatura de cordel era usada para narrar as histórias dos colonos. Com o passar do tempo, essa forma de expressão evoluiu passando a abordar temas variados do cotidiano, como religiosidade, narrativas populares, questões sociais e adaptações de obras da literatura brasileira.
Características
O cordel é um gênero literário popular, escrito em forma de versos, utilizando uma linguagem oral (coloquial) e regional. Sua estrutura é marcada por rimas, métricas e ritmo.
Este tipo de literatura faz uso de recursos linguísticos como humor, ironia e sarcasmo. Além disso, aborda uma variedade de temas, tais como religiosidade, folclore, cultura, política, acontecimentos históricos e realidade social, entre outros.
Cordelistas do Brasil
Estima-se que atualmente existem no Brasil mais de 4000 cordelistas em atividade. Dentre os autores de cordel mais conhecidos no país, destacam-se figuras como Patativa do Assaré, Bráulio Bessa, Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde, Apolônio Alves dos Santos, Arievaldo Viana Lima, Cego Aderaldo, Elias A. de Carvalho, Expedito Sebastião da Silva, José Pacheco, José Bernardo da Silva, João Melquiades Ferreira, entre outros.
Leandro Gomes de Barros é considerado o primeiro escritor brasileiro a redigir um cordel. Ele é autor de histórias como "O testamento do cachorro" e "O cavalo que defecava dinheiro", que serviram de inspiração para Ariano Suassuna escrever a peça "O Auto da Compadecida".
Veja um trecho do poema "O cavalo que defecava dinheiro", escrito entre as décadas de 1950 e 1960 por Leandro Gomes de Barros e publicado em 1976 por João Martins de Athayde.
Aí chamou o compadre
E saiu muito vexado,
Para o lugar onde tinha
O cavalo defecado.
O duque ainda encontrou
Três moedas de cruzado.
Então exclamou o velho:
— Só pude achar essas três!
Disse o pobre: — Ontem à tarde
Ele botou dezesseis!
Ele já tem defecado
Dez mil réis mais de uma vez.
(Trecho de ‘O cavalo que defecava dinheiro’ de Leandro Gomes de Barros)
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